Uma equipa de cientistas da Universidade do Porto descobriu um novo potencial terapêutico na raiz da planta vinca, que pode vir a ser utilizado como fármaco no combate ao Alzheimer, anunciou hoje aquela instituição de ensino superior.
A equipa de investigação, constituída por elementos da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto (no âmbito do laboratório associado REQUIMTE) e do Instituto de Biologia e Medicina Celular/Instituto de Engenharia Biomédica (IBMC.INEB), publicou os resultados do trabalho na revista científica "Phytomedicine".
Segundo explicou à Lusa a investigadora Mariana Sottomayor que, juntamente com Paula Andrade, liderou o grupo de trabalho, a vinca é uma “planta medicinal que já é utilizada há muitos anos e que foi muito estudada”, sendo dela extraídos alcaloides que são utilizados na quimioterapia para tratamento do cancro”.
“O grupo de trabalho decidiu fazer uma reavaliação da planta já que esta também tinha muitas aplicações na medicina tradicional e não estava ainda esgotada”, acrescentou a investigadora do Instituto de Biologia e Medicina Celular.
Segundo Mariana Sottomayor, o grupo de trabalho “verificou que na raiz da vinca havia uma actividade medicinal interessante que detinha uma molécula chamada serpentina - outro alcaloide - que inibe a degradação de um neurotransmissor e que portanto poderá ajudar no tratamento da doença de Alzheimer”.
“Há agora um período de investigação para que a molécula possa ser utilizada como um fármaco eficaz”, explicou, acrescentando que, “aparentemente, parece ter um actividade mais potente do que os fármacos utilizados actualmente”.
Segundo um comunicado da Universidade do Porto sobre o assunto, “até agora, já se conhecia o potencial da Vinca (Catharanthus roseus, originária de Madagáscar) na terapia de algumas formas de cancro”.
“São necessárias toneladas de partes aéreas da planta para se obterem alguns miligramas de substâncias úteis, o que transforma o cultivo, bem como as substâncias obtidas, num processo complexo e com elevados custos associados”, acrescenta o texto.
O documento realça ainda que “a perspectiva apresentada pelo grupo de investigadores segue uma abordagem profundamente diferente e em vez de se limitar às partes aéreas (caule e flores), a equipa procurou aproveitar todo o potencial medicinal da planta, olhando para outros produtos passíveis de serem extraídos”, como é o caso da raiz. Acrescenta ainda que “os autores destacam, em particular, a serpentina, que possui uma enorme afinidade e selectividade para um dos principais alvos no tratamento da Doença de Alzheimer”.
“No futuro, espera-se que o seu aproveitamento possa vir a revelar-se útil no tratamento farmacológico desta doença e de outras afecções como a ‘miastenia gravis’”, conclui.
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